Introdução: A angina pectoris consiste geralmente em uma dor torácica relacionada à isquemia cardíaca, sendo considerada refratária quando, na vigência de otimização medicamentosa, apresenta duração maior que três meses, apesar de otimização medicamentosa e/ou intervenções coronarianas. Entretanto, pouco é conhecido sobre a relação da angina com o distresse psicológico e a qualidade de vida. Objetivo: Analisar a correlação e os fatores associados ao distresse psicológico mediante o Estado Geral de Saúde, Limitação por Aspectos Sociais, Limitação por Aspectos Emocionais e Saúde Mental do questionário SF 36 de qualidade de vida em pacientes diagnosticados com angina refratária em acompanhamento ambulatorial. Métodos: Estudo transversal realizado por entrevista clínica e aplicação dos questionário de angina de seattle e Questionário Genérico de Qualidade de Vida Relacionado à Saúde SF-36 e Inventário Breve de Sintomas (BSI), em pacientes com angina refratária em acompanhamento ambulatorial. Para as variáveis de continuidade, teste t-student, com correção de welch ou Mann-Whitney foram utilizados, assim como χ2 com correção de Yates ou Exato de Fisher para as categóricas. Para análise linear, correlação de Spearman e para regressão logística, ajustou-se o modelo aos fatores de confusão, colinearidade e homoscedasticidade, adotando intervalo de confiança de 95% e valor de p<0,05. Resultados: Dos 148 recrutados, uma amostra de 30 pacientes foi obtida, prevalecendo idade avançada 62±10 anos, sexo masculino 70%, autodeclarados brancos 50% e casados 87,6%. Houve significância estatística na associação entre pacientes que coabitavam com o cônjuge e episódios mais frequentes de angina (Fisher = 5,25; p= 0,04]. Os domínios de aspectos sociais, aspectos emocionais, saúde mental e estado geral de saúde se correlacionam negativamente com sintomas psicológicos. Para análise uni e multivariada os pacientes com angina não moderada ou condicionada pelo estresse emocional apresentaram 36x e 22x mais chances de não terem sintomas de distresse psicológico [OR:36.0;P<0,01 e OR:22.5;P=0,04], respectivamente. Conclusão: Houve associação entre maior frequência de angina para os pacientes que coabitam com o cônjuge. Os componentes de aspectos sociais, emocionais, saúde mental e estado geral de saúde se correlacionam negativamente com sintomas psicológicos. Para os pacientes nos quais a angina manifesta ou piora ao estresse psicológico houve associação à pertença ao grupo com distresse psicológico.