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Impacto clínico e econômico da trombólise tardia: um estudo de mundo real em um país de renda média

Paulo Sousa Prado, Verônica Homem de Carvalho e Silva, Caio Paiva, Mariana Araújo Lima Elias, Silvio Gioppatto, Ana Claudia Cavalcante Nogueira, Andrei Carvalho Sposito, Gustavo de Almeida Alexim, Luiz Sérgio Fernandes de Carvalho
FACULDADE DE CIENCIAS MÉDICAS – UNICAMP - - SP - BRASIL, UNIVERSIDADE DE BRASILIA - - DF - BRASIL

 

Introdução

Reperfusão imediata por intervenção coronária percutânea (ICP) primária ou a terapia fibrinolítica seguida de ICP em até 24h são as terapias ideais no infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST). Entretanto, no Brasil, 30-70% dos pacientes não receberam nenhuma terapia de reperfusão ou a recebem com >12-18h após o início dos sintomas. Assim, não está claro em estudo de mundo real brasileiro qual o impacto clínico e econômico associado ao atraso na terapia de reperfusão.

Métodos

Foram incluídos 2.622 indivíduos consecutivos com IAMCSST tratados por abordagem farmacoinvasiva entre 2011 e 2019 admitidos no Sistema Único de Saúde do Distrito Federal. O desfecho primário foi expresso pelos custos globais, uma soma dos custos hospitalares mais o custo da produtividade perdida. Para os desfechos secundários: incidência de morte por todas as causas, infarto agudo do miocardio (IAM) recorrente, parada cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC) e sangramento maior.

Os custos diretos foram avaliados em dólares internacionais (Int$) ajustados incluindo custos ambulatoriais e internações durante o seguimento, com dados do sigtap/datasus. Quatro grupos foram segregados de acordo com o tempo entre o início dos sintomas e a trombólise química: até 3h após o início dos sintomas, entre 3 e 6h, entre 6 e 9h e após 9h. Foram aplicados os testes ANOVA e Kruskal-Wallis e as regressões logísticas foram construídas usando um processo stepwise (método forward). 

 

Resultados

944 (36%) indivíduos receberam trombólise química dentro de 3h após o início dos sintomas, 1.146 (43,7%) entre 3 e 6h, 358 (13,7%) entre 6 e 9h e 172 (6,6%) após 9h. O grupo que recebeu tratamento após 9h apresentou maior frequência de óbito intra-hospitalar (p=0.001), IAM recorrente (p=0.026), parada cardíaca (p=0.040) e AVC (p=0.049). O modelo de regressão logística mostrou que a cada 1h adicional até a reperfusão foi associada a 6,2% (IC 95%: 0,3-11,8%, p=0,032) maior risco de morte intra-hospitalar. Os custos globais foram 45% maiores entre os indivíduos tratados após 9h do que os tratados em 3h (9h: Int$ 5.920 [IQR 2.400, 8.810]) e para cada 3h de atraso na realização da trombólise foi associado um aumento dos custos hospitalares em Int$ 497 ± 286 (p=0,003). 

 Conclusão 

O atraso na terapia de reperfusão entre os pacientes com IAMCSST aumenta o risco de morte intra-hospitalar, associado ao aumento significativo nos custos diretos. Estratégias de saúde pública para mitigar o impacto clínico e econômico do IAMCSST são urgentes.

 

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