Recentemente, demonstramos que a dapagliflozina melhora a função endotelial e aumenta a biodisponibilidade plasmática de NO. Outros estudos encontraram melhora na função diastólica em pacientes com DM2. Se esses dois achados estão relacionados ou não, ainda não se sabe. Neste estudo, exploraramos a relação da dapagliflozina na função endotelial, análise laboratorial e função diastólica em pacientes com DM2.
Métodos
O estudo ADDENDA-BHS2 (Assessment of Dapagliflozin effect on Diabetic Endothelial Dysfunction of brachial Artery – Brazilian Heart Study 2) é um ensaio clínico prospectivo por iniciativa do investigador, unicêntrico, controlado por ativo, aberto, randomizado. Pacientes com DM2 (n=98) foram randomizados para 12 semanas com Dapagliflozina 10 mg/dia (DAPA) ou Glibenclamida 5 mg/dia (GLIB) em adição à Metformina em regimes equivalentes de controle glicêmico. A variação da relação E/e' obtida pela análise ecocardiográfica foi o desfecho pré-especificado para esta investigação. A dilatação mediada por fluxo (FMD) seguiu preparação rigorosa do exame, execução e análise cega por método automático. A DXA foi realizada na randomização e na visita de 12 semanas. A pressão do átrio esquerdo (PAE) em mmHg foi calculada a partir da relação E/e' com a fórmula PAE=1,24x(E/e')+1,9.
Resultados
Após 12 semanas de tratamento, a função diastólica melhorou significativamente no grupo dapagliflozina em comparação com o braço da glibenclamida. Enquanto a relação E/e' foi reduzida no braço DAPA, ela aumentou com GLIB [-0,17 vs +0,87, IC 95% -0,15 a 0,56; p=0,001]. A diferença de PAE calculada também foi significativamente menor com DAPA, conforme demonstrado na Figura 1A. Para identificar os fatores associados à alteração da função diastólica, realizamos uma regressão linear com a variação da PAE calculada como variável dependente, incluindo a PAE basal como covariável. O nitrito foi um preditor independente significativo da diminuição da PAE [OR -3,280, IC 95% -5,897 a -0,664, p=0,015]. O índice de resistividade (FMD) foi preditor independente de PAE elevada, consistentemente, durante todas as fases da análise de FMD. Outras análises de regressão linear são demonstradas na figura 1B, e aquelas significativas são resumidas na figura 1C.
Conclusão
Nossos achados confirmam que a dapagliflozina melhora a função diastólica e indicam que esse efeito está relacionado ao aumento da biodisponibilidade de NO e diminuição da resistência arterial periférica. Em contraste, uma terapia hipoglicemiante equivalente com glibenclamida promoveu um declínio na função diastólica
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