Caso: Paciente do sexo masculino, 44 anos, caucasiano, internado após morte súbita abortada em atendimento extra-hospitalar. Investigação propedêutica inicial, intra-hospitalar, com elevação dos marcadores de necrose miocárdica, porém sem alterações no eletrocardiograma, Holter de 24h e ecocardiograma transtorácico. Paciente com teste de esforço de 2019 positivo para isquemia e sem relato de outros exames de estratificação coronariana na ocasião. Após discussão da equipe assistente foi definida realização de angiotomografia de coronárias para estratificação de doença isquêmica. O exame evidenciou Tronco de Coronária Esquerda com origem em seio coronariano direito (óstio separado), com saída em ângulo agudo (24 graus), sinais de compressão em segmento proximal com redução luminal menor que 50% e trajeto entre as artérias aorta e pulmonar (Figuras 1, 2, 3 e 4). Demais artérias sem alterações significativas. Paciente iniciou tratamento com betabloqueador tendo boa evolução e foi encaminhado para avaliação da cirurgia cardíaca para correção da anomalia coronariana. Discussão:A origem anômala das artérias coronárias é potencialmente fatal, sendo causa de morte súbita em jovens. Apesar de ser causa de isquemia miocárdica, os exames funcionais podem ser negativos ou inconclusivos. A cineangiocoronariografia foi por muito tempo o exame de escolha, porém os exames de imagem cardiovascular não-invasivos tem se destacado com melhor caracterização da origem das artérias coronárias. O tratamento para os pacientes assintomáticos ainda não está definido, contudo o tratamento cirúrgico deve ser indicado nos casos sintomáticos. Conclusão: A origem anômala das artérias coronárias pode ser causa de morte súbita ou de grave sequela em população jovem. O diagnóstico precoce e o manejo individualizado são fundamentais na prevenção de mortes evitáveis.
